quinta-feira, 5 de junho de 2008




Lembrei agora pouco, na reflexão diária da hora do banho, que quando tinha 15 achava que nos meus 30, estaria casada, com no mínimo dois filhos, um puta emprego, carro do ano, casa própria, feliz da vida.
Aos 30, a única coisa que tenho, são amigos que quase todos os dias me chamam pra beber, mesmo eu explicando que a grana ta curta e blá blá blá, eles não se cansam de mim. Tenho mil contas pra pagar, que meu salário não paga. Um apê modesto que divido com meu irmão, onde minha mãe (que mora em outro apê) paga 90% das contas. Tenho um ursinho de pelúcia que dorme comigo há 14 anos que ganhei do meu primeiro namorado. Tenho umas rugas que consigo vê-las perfeitamente enquanto escovo os dentes no espelho do banheiro. Vários sobrinhos (filhos das minhas amigas casadas). Ah, tenho também um cara que eu amo demais, que é a tampa da minha panela, perfeito, se não fosse um detalhe: mora em uma cidade bem longe da minha.
Ando a pé, disso eu não reclamo porque adoro andar, é uma terapia. Ando de ônibus, bacana, exceto quando ta muito calor. Tenho um puta medo do futuro. Tenho um puta medo de ficar pra titia e ser aquelas velhas solitárias em mesa de bar. Tenho um puta medo de não ter filhos.
Aos 30, ainda assisto desenho animado e adoro, às vezes me acho uma adolescente, cheia de medos e inseguranças, nessas horas eu penso como minha vida ta perfeita aos 30. Sinto alívio quando alguém diz que tenho cara de 20, e sei que tudo que tiver que acontecer, ainda virá. E vivo essa beleza de ser uma eterna aprendiz! Que seja!
Mário Prata:

"Mas o que mais me encanta nas mulheres de trinta é a independência. Moram sozinhas e suas casas tem ainda um frescor das de 20 e a maturidade das de 40. Adoram flores e um cachorrinho pequeno. Curtem janelas abertas. Elas sabem escolher um travesseiro. E amam quem querem, a hora que querem e onde querem. E o mais importante: do jeito que desejam.
São fortes as mulheres de trinta. E não têm pressa pra nada. Sabem onde vão chegar. E sempre chegam.
Chegam lá atrás, no Balzac: a mulher de trinta anos satisfaz tudo. "