sábado, 31 de maio de 2008

Choros e Babás




Moro num condomínio de apartamentos, com vários blocos de três andares. O meu fica no terceiro, na melhor parte do condomínio, onde minha janela se abre numa área verde, muitas árvores e um silencio merecido, exceto pelo casal que mora no segundo andar logo abaixo do meu, há aproximadamente dois anos.
Desde que se tornaram os novos condôminos do pequeno e calmo prédio, são comuns as constantes brigas do casal que não tem hora pra acontecer, pode ser de manha bem cedo ou pela madrugada. Confesso que sinto muito medo dos decibéis e conteúdo dos diálogos, que é impossível não ouvir. Nunca entendi porque isso acontece com duas pessoas que na teoria deveriam se amar e se respeitar, e na prática se ofendem e se agridem de maneira tão violenta fazendo da convivência a dois um verdadeiro inferno.
A família do segundo andar aumentou, nasceram os gêmeos, que hoje em dia devem estar perto do primeiro ano de vida. As brigas diminuíram consideravelmente, no entanto, ainda existem, só que agora acompanhadas de choros de nenéns desesperados, um choro agudo. Choram em qualquer ocasião, o tempo inteiro, nem as bábás conseguem acalmar os pequenos. O silencio merecido virou um verdadeiro inferno.
Hoje é sábado, sem aula e sem trabalho, poderia estar na cama, no sono mais profundo, gostaria muito, mas o choro me acordou como um balde de água fria, às oito e meia da madrugada. Então resolvo levantar, o choro ta muito alto e irritante, ouve-se uma cantoria, provavelmente de uma babá mal resolvida, tentando competir com o choro do pequeno com uma voz feia e uma musica brega. Sinto pena, os pobres ainda não tem idade pra decidir o que ouvir. Creio que nunca tive ouvido de pinico, minha mãe cantava lindas canções de ninar com sua voz meiga e encantadora.
Certo dia assisti uma reportagem em que um psiquiatra americano desenvolvia uma brilhante técnica para acalmar bebês chorões: é simples, amarra-se uma manta no neném, envolvendo todo o corpo, como se ele ainda tivesse no ventre da mãe, e embala devagar fazendo um chiado com a boca. É tiro e queda, dentro de uns minutos o choro acaba. Isso deveria virar uma campanha nacional, para o bem da humanidade.
O grande sonho da minha vida é ser mãe, adoro crianças de todas as idades, principalmente os nenéns, seria capaz de ficar horas e horas com um neném no colo, fazendo carinho, olhando aquele rostinho onde tudo é miniatura, tocando suas bochechinhas com a ponta do dedo e sentindo como é macia a pele de um neném.
Quando eu for mãe, serei a mais babona de todas, vou idolatrar minha cria como se fosse à única coisa do mundo capaz de chamar minha atenção, sem deixar de ser esposa, é claro. Meu filho (a), ouvirá Pink Floyd e Beatles, mas nunca terá ouvido de pinico. Choro não dá.




P.S : O gracioso nenem da foto é meu, já homem é claro, e com certeza não era um bebe chorão e nem tinha babá chata.

Medo




Lenine diz que o medo é como um laço que se aperta em nós; para Aurélio é o sentimento de viva inquietação ante a noção de perigo real ou imaginário, de ameaça pavor, temor. Perfeita definição.
É essa ambuiguidade que apavora, o real e o imaginário. O pior medo é aquele do futuro, aquele que nós próprios inventamos, o da suposta solidão, as incertezas do destino, possíveis sofrimentos futuros, o de se ver só. O medo é tão feio que dá medo. Alguns afirmam que o medo é o maior inimigo do homem. O medo dos próprios pensamentos me parece o pior.
Uma grande amiga costumava me dizer quando eu tinha medo de algo, que o medo era a falta de conhecimento, confesso que até hoje não entendi tal afirmação (conhecimento de que?!).
Nos devaneios da mente medrosa, voce pode se imaginar fazendo algo que tem medo, imagine durante alguns minutos, é um exercicio. Aprecie-os e depois jogue-os no lixo mais próximo. E no final, sorria !